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Semana do Software Livre no Tecnopuc ressalta a importância de investir em políticas públicas para desenvolver setor de tecnologia

Posted by dausacker on Sep 10, 2014 in Informática, Software Livre |

 

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O coordenador geral da ASL.Org, Ricardo Fritsch, foi um dos palestrantes do evento. (Foto: Camila Hermes)

Criação de um arranjo produtivo é necessária para desenvolver setor tecnológico. Evento marca 11 anos da Associação Software Livre.Org e entrada da instituição no Tecnopuc.

A primeira atividade da Semana do Software Livre no Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc), em comemoração aos 11 anos da Associação Software Livre.Org (ASL.Org), começou nesta terça-feira (9) em Porto Alegre. Um dos principais temas do evento foi a necessidade de criar políticas públicas de governo no âmbito nacional que estabeleçam um arranjo produtivo beneficiando empresas desenvolvedoras de soluções livres. A estratégia é um importante elemento para o fomento do setor e garantiria a soberania tecnológica do país em relação às suas informações.

De acordo com o embaixador da ASL.Org, Sady Jacques, muitas demandas governamentais de grande escala encontram apenas em empresas de softwares proprietários seus fornecedores. Isso acontece pela falta de capacidade do setor de Software Livre em absorver os pedidos ou prover atendimento de suporte para milhares de cidades. Segundo ele, o estabelecimento de uma cadeia produtiva que dê conta destas necessidades depende de ações governamentais diretas sobre o assunto. “Existem poucas alternativas para quem quer desenvolver Software Livre no Brasil. O país poderia ser um dos maiores desenvolvedores de software do mundo”, afirma.

As licitações dos governos nas três esferas (municipal, estadual e federal) são elementos importantes para que as pequenas empresas hoje constituídas possam se estruturar e crescer. Jacques salienta que a ASL.Org fez repetidos esforços nos últimos anos para alertar os órgãos governamentais sobre o tema, entre eles a coordenação das duas últimas edições da Oficina para Inclusão Digital e Participação Social, realizadas em Porto Alegre e Brasília, que reuniu estudantes, profissionais e militantes da inclusão digital de todo o país.

“Todas as ações que melhoraram o cenário no âmbito de governo foram provocadas por pessoas que acreditam na ideia e militaram por isso. Não podemos chegar impondo, mas devemos usar bons argumentos para trabalhar com gestores e técnicos”, explica Sady. Segundo ele, os resultados se tornam mais permanentes quando são resultados de diálogos, diferentemente dos espaços onde há a imposição direta.

09092014_DSC0134_SMALLO embaixador da ASL.Org, Sady Jacques, propôs a criação de um novo arranjo produtivo. (Foto: Camila Hermes)

Jacques chamou a atenção também para o fato de que diversas empresas que produzem softwares proprietários se utilizam de soluções livres para seu desenvolvimento e não licenciam os programas da mesma forma. “O quanto isso vai mudar depende das pessoas acreditarem e lutarem por isso”, pondera. Ele cita ainda como exemplo o ato individual de cada militante, de pedir para que o fabricante remova o sistema operacional proprietário do computador na hora da compra. A ação gera uma economia de cerca de R$ 200,00 em alguns casos e é obrigatória por parte da instituição vendedora, já que é proibido exercer a chamada “venda casada”, em que se atrela a compra de um produto obrigatoriamente a outro.

Além da criação de políticas públicas, a qualificação dos profissionais para atuação no setor deve acontecer desde o início da formação básica. De acordo com o embaixador, o estímulo ao estudo de computação para crianças no âmbito escolar faria com que os alunos compreendessem não apenas a programação, mas também a lógica por trás da informática.

Não basta ter infraestrutura no setor público

O coordenador geral da ASL.Org, Ricardo Fritsch, alertou que a constante luta pela modernização das rotinas da administração pública por meio do fornecimento de infraestrutura não é o suficiente para a criação de uma verdadeira independência dos órgãos. É necessário que os programas utilizados sejam completamente auditáveis pelo governo e pela sociedade civil. Do contrário, o risco de facilitar fraudes é grande.

Fritsch esclareceu que a opção por programas proprietários no setor público é benéfica apenas às empresas desenvolvedoras destas soluções e prejudica a própria administração e os cidadãos. É um procedimento comum que corporações criem dependências em tipos de arquivos proprietários ou arquiteturas não documentadas claramente, o que faz com que a leitura dos dados do governo dependam exclusivamente de um único fornecedor. “Atualmente já existem outras alternativas que fazem o trabalho tão bem, ou até melhor, que as ferramentas proprietárias”, pontua Ricardo.

Citando exemplos, Fritsch contou que o início do provimento de internet no Rio Grande do Sul, em 1995, foi feito utilizando soluções livres. “Cerca de mil pessoas tiveram a honra de começar a usar a internet no Estado naquela época. E não era banda larga, era uma banda fina. Fizemos tudo com Software Livre”, conta. Ele também lembrou iniciativas que foram desenvolvidas no Estado com a mesma perspectiva, como o Gabinete Digital do RS, em que todo o software foi criado utilizando alternativas livres. “Assim que o código foi aberto para a comunidade já surgiram sugestões de melhoria”, ilustra. O Banrisul foi um outro exemplo citado como empresa que utiliza soluções livres em grande escala.

 

 

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